quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Família de jovem vai processar Estado por morte

Jovem foi sepultado em Jaboatão dos Guararapes / Sérgio Bernardo/JC Imagem

A família de Alisson Campos, de 20 anos, morto por engano por um policial militar na noite do último domingo, no bairro do Derby, área central do Recife, pretende processar o Estado pelo crime. “Não vamos deixar esse absurdo passar em branco. Estamos ainda muito abalados, mas vamos nos reunir para decidir como isso será feito”, diz a doméstica Benilza Maria da Silva, tia do rapaz.

O corpo de Alisson foi sepultado na manhã de ontem, no Cemitério da Saudade, no Centro de Jaboatão dos Guararapes, próximo ao local onde ele morava. Entre as centenas de pessoas que foram dar o último adeus ao jovem, o mar de camisas e bandeiras do Santa Cruz dava a pista da paixão dele pelo clube. “O Santa era a vida dele, que era um torcedor muito pacífico. A gente fica sem entender o que leva um policial a fazer uma coisa dessas”, afirmou a estudante Mayara da Silva, amiga de Alisson e também tricolor, emendando um choro copioso.

Abalado, o pai do jovem, o também operador de máquinas José Márcio Campos, não falou com a Imprensa. Na hora em que o caixão foi colocado na sepultura, ele passou mal e foi carregado por parentes. Apenas dizia: “Meu filho, meu amado”. Amigos de Alisson também passaram mal durante o sepultamento. Uma garota desmaiou e foi atendida em uma ambulância que foi disponibilizada para o enterro.

O adeus de Alisson Campos foi ao som de cânticos utilizados pela torcida do Santa Cruz nos jogos. Primeiro foi “guerreiro, guerreiro, guerreiro, Alisson guerreiro”, e terminou com “Santa, meu eterno amor”, versão que os tricolores cantam para “Dr Jeckle and Hyde Park”, do grupo inglês Carnaby Street Pop Orchestra and Choir (também conhecida como o tema de abertura do programa Esporte Espetacular).

“Ele era um menino incrível, sempre dedicado. Estava tentando completar o ensino médio para fazer o vestibular. A gente mal ouvia a voz dele, de tão educado que era. Não dá pra acreditar que aconteceu uma tragédia dessa”, disse, indignado, Sérgio Dornelas, professor de História de Alisson por sete anos, no Colégio Bernardo Vieira, em Jaboatão.

Alisson Campos voltava de moto do Shopping Tacaruna com o primo, Bruno Campos, que pilotava o veículo. No cruzamento da Avenida Agamenon Magalhães com a Rua Henrique Dias, no bairro do Derby, eles pararam no sinal. O policial militar do Batalhão de Choque, Dídimo Batista da Silva, tinha parado o próprio carro ao lado da dupla. Estava desconfiado de que pudessem ser assaltantes. Quando Alisson fez menção de colocar a mão no bolso da calça, o PM atirou. O disparo atingiu a região lombar do rapaz. Alisson apenas tentava pegar o próprio celular, que estava tocando. O policial ainda tentou socorrer o operador de máquinas, levando-o ao Hospital da Restauração, a poucos metros do local do acidente, mas Alisson faleceu no caminho. O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

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